Boneca de pano
Boneca de pano sensível ao toque de leves carícias saí a reboque de tua malícia mergulhei nos sargaços de teu oceano. Ser sofisticado e cheio de artifícios, quiseste transmutar-me à força em frágil boneca de louça na medida exata da frieza dôo teu luxo. Juntei retalhos de mim e enclausurei-me em tua torre de marfim. Desvivi rigores de inverno sem fogo, lareira ou agasalho e enfim, desiludi-me dessa falta de lirismo de teu excesso de senso prático. Juntei os destroços, rompi o muro inimigo colei os cacos e fiz-me boneca de plástico. Agora, ecoa em meu ser a pergunta inquietante: onde escondeste meus traços antigos para eu recompor a boneca de antes?
Esther Torinho